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domingo, 5 de abril de 2009
Matas ciliares e ecossistemas fluviais
Matas ciliares e ecossistemas fluviais:
uma relação indissociável
Paulo Roberto Alves da Cunha | Geógrafo | paulorac_2006@yahoo.com.br
www.crea-rs.org.br
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área técnica - artigos
O crescente processo de degradação
que tem atingido os corpos hídricos nas
mais diferentes regiões do Brasil tem feito
com que se busquem soluções para assegurar
a manutenção ou a recuperação do
equilíbrio ambiental desses ecossistemas
fluviais. Um componente importante para
garantir as características naturais desses
ecossistemas aquáticos são as matas ciliares.
De acordo com a Secretaria Estadual
do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande
do Sul (Sema), mata ciliar é a formação
vegetal que ocorre nas margens dos
rios, córregos, lagos, lagoas, olhos d’água,
represas e nascentes.
A importância da
vegetação ciliar
A vegetação ciliar desempenha um
importante papel para a manutenção do
equilíbrio ambiental, através da função
hidrológica protegendo os cursos d’água
e pela sua função ecológica, protegendo
a biodiversidade.
De acordo com Barrella (2001, p. 187),
dentre as inúmeras utilidades que as matas
ciliares possuem, pode-se destacar: “a formação
de hábitats e abrigos, corredores
de migração, áreas de reprodução, constância
térmica, regulação de entrada e
saída
de energia, fornecimento de material
orgânico,
contenção de ribanceiras,
diminuição
de entrada de sedimentos,
sombreamento,
regulação da vazão, e do
fluxo de corrente, além da influência na
concentração
de elementos químicos na
água”.
As matas ciliares servem de abrigo a
espécies
animais como répteis, mamíferos,
anfíbios e aves que encontram nestas
áreas marginais uma fonte de alimento,
a proteção necessária para fugir
dos predadores ou um local de reprodução.
Por serem uma área ecótona, entre
o ambiente aquático
e o terrestre, as matas
ciliares são um importante corredor ecológico
para
a movimentação da fauna
silvestre.
As matas ciliares além de controlarem
a erosão do solo também impedem por
absorção
do seu sistema radicular, a passagem
de nutrientes e defensivos químicos,
que por escoamento subsuperficial
poderiam chegar aos cursos d’água.
Matas ciliares e ecossistemas fluviais:
uma relação indissociável
Legislação
De acordo com a Sema, as matas ciliares
são consideradas pelo Código Florestal
Federal (Lei nº 4771/65), alterada pela
Lei nº 7803/89, como Área de Preservação
Permanente. De acordo com o artigo 2º
desta lei, a largura da faixa de mata ciliar
a ser preservada está relacionada com a
distancia de margem a margem do curso
d’água. A faixa mínima a ser preservada
é de 30 metros, em cada margem, porém,
essa largura pode variar bastante (Fig. 1).
Degradação
A retirada da vegetação ciliar nas áreas
rurais é comum como forma de aumentar
as áreas de cultivo que, normalmente,
demandam grandes quantidades de terra.
Além disso, os pecuaristas, frequentemente,
removem essa vegetação para o plantio
de pasto que serve de alimento para
o gado ou para facilitar o acesso desses
animais
até os rios, onde utilizam as águas
para consumo. A retirada dessa vegetação
faz com que as taxas de erosão nessas
áreas aumentem pela exposição do solo.
Conforme Guerra e Mendonça (2004, p.
235), “as taxas de erosão nas áreas rurais
aumentam, em freqüência e magnitude,
em especial nos terrenos que são deixados
descobertos durante uma boa parte
do ano ou naquelas áreas onde há o superpastoreio,
aumentando a densidade do
solo, com o excessivo pisoteio do gado. Todas
essas práticas tendem a elevar as taxas
de erosão acelerada”.
Além disso, como diminui a infiltração,
tanto o escoamento subsuperficial como
o abastecimento do lençol freático que
contribuem
para aumentar a vazão nos
períodos de baixa pluviosidade também
tem um decréscimo em seus níveis.
As áreas urbanas também sofrem com
a erosão dos solos por conseqüência do
crescimento
urbano desordenado, que
acarreta a destruição da vegetação beiradeira
para a construção de moradias irregulares
sobre essas áreas que são protegidas
por lei. Nas cidades que sofrem com
o problema das enchentes nos períodos
chuvosos, é comum o investimento do
poder
público em obras de canalização,
buscando dar vazão às águas das chuvas.
Segundo Botelho e Silva (2004, p. 175),
“a canalização e retificação dos cursos
d’água constituem intervenções antrópicas
que afetam sobremaneira o sistema
hidrológico.
Essas obras têm como objetivo
aumentar a velocidade e a vazão dos
rios, a fim de promover o escoamento rápido
do grande volume de água que atinge
os canais fluviais e possibilitar a ocupação
de suas margens”. Entretanto, essas obras
resolvem o problema apenas localmente,
pois a retirada da vegetação ciliar das margens
e a retificação dos canais apenas
transferem
o problema para jusante.
Com base no que foi discutido até
aqui, fica evidente a relação intrínseca
entre
as matas ciliares e os ecossistemas
fluviais,
seja em relação aos aspectos hidrológicos
ou ecológicos. Para que essa
relação
continue ocorrendo de forma
equilibrada,
torna-se fundamental o cumprimento
da legislação vigente, através
da fiscalização por parte do poder público
e da conscientização da sociedade sobre
a importância da preservação das matas
ciliares para o meio ambiente e por extensão
para a própria sociedade.
Paulo Roberto Alves da Cunha | Geógrafo | paulorac_2006@yahoo.com.br
referências bibliográficas
BARR ELLA, W. et al. As relações entre as matas ciliares,
os rios e os peixes. In: RODRIGUES, R. e FILHO, H.
(orgs.) Matas ciliares: Conservação e Recuperação.
2ª ed. São Paulo: EDUSP, 2001.
BOTE LHO. R.G.M. e SILVA, A. S. da. Bacia Hidrográfica e
Qualidade Ambiental. In: VITTE, A. C. e GUERRA, A.
J. T. (orgs.) Reflexões sobre a Geografia Física no
Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.
GUER RA, A. J. T. e MENDONÇA, J. K. S. Erosão dos Solos
e Qualidade Ambiental. In: VITTE, A. C. e GUERRA,
A. J. T. (orgs.) Reflexões sobre a Geografia Física no
Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.
Secre taria Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio
Grande do Sul. Disponível em: www.fepam.gov.br/ -
Acesso em: 14/06/07
Secre taria Estadual do Meio Ambiente do Estado do
Paraná. Disponível em: www.pr.gov.br/
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