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sexta-feira, 20 de junho de 2008

Floresta vira pasto

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FLORESTA VIRA PASTO

Floresta vira pasto Incluido por admin emJunho 17, 2008Estudo diz que o número de bois abatidos nos estados que formam a Amazônia Legal superou a marca de 10 milhões em 2007. Baixo preço do terreno atrai produtores e contribui para o desmatamento. Leonel Rocha, da equipe do Correio, Correio Braziliense, 16/06/2008. O boi invadiu a Amazônia. Estudos feitos pela Amigos da Terra, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), mostram que, no ano passado, pela primeira vez na história, o número de animais abatidos nos nove estados da Amazônia Legal ultrapassou 10 milhões de cabeças, quase metade do registrado em todo o país. O ritmo representou um aumento de 46% no volume de carne em relação a 2004, de acordo com o levantamento publicado em maio pela instituição. Todo esse plantel destinado aos frigoríficos para ser transformado em picanha, filés e outros derivados, inclusive os destinados à indústria no Brasil e em nove países importadores do boi nacional, nasceu em fazendas localizadas nas bordas da maior floresta tropical do mundo, boa parte delas em áreas desmatadas ilegalmente. A invasão pecuária da floresta começou a ser percebida pela Amigos da Terra há cinco anos. Desde 2003, de cada quatro bezerros que começaram o processo de engorda para abate, três nasceram, pastaram e cresceram comendo o capim da Amazônia, considerado de elevada produtividade. Entre 2004 e 2006, as fazendas de pecuária na região foram responsáveis por 96% do crescimento do número de cabeças de gado do país, segundo os pesquisadores. Eles concluíram que foi a elevação da produção no Norte que permitiu ao Brasil se transformar no maior exportador de carne de boi no mundo, ultrapassando a Austrália em 2004. Mato Grosso, Pará, Rondônia e Tocantins são responsáveis por um terço do total de bovinos produzidos e exportados. Custos Segundo a Amigos da Terra, a pecuária na Amazônia tornou-se uma atividade lucrativa por causa do baixo preço do terreno. Cálculos do próprio Ministério da Agricultura mostram que atualmente custa menos investir na abertura de novas fazendas em áreas florestais do que recuperar pastagens antigas e degradadas. O investimento necessário para a derrubada de árvores com os correntões — método que utiliza tratores para arrancar as árvores, que depois são queimadas e transformadas em carvão — é menor do que o custo dos defensivos agrícolas e fertilizantes necessários para a melhorar antigos pastos de baixa produtividade. Cálculos feitos pelo Imazon mostram que reformar um pasto envelhecido custa R$ 2 mil por hectare, ao passo que para derrubar área de floresta, plantar capim e formar pasto novo são necessários apenas R$ 800 por hectare. Entre 1990 e 2006, a produção de bois, vacas e bezerros na floresta amazônica passou de 18% para 36% do plantel nacional. “A pecuária é de fácil implantação, apesar do baixo rendimento. Por isso, ela é a segunda atividade a empurrar a fronteira agrícola Amazônia adentro, depois dos madeireiros”, analisa Roberto Smeraldi, pesquisador e um dos autores do trabalho da Amigos da Terra. Ele alerta para a transferência das fazendas de gado de regiões onde a terra é mais cara, como o Sudeste, Sul e Centro-Oeste, para o Norte, onde a terra ou é devoluta ou pode ser facilmente invadida. A transferência da pecuária do centro-sul para a Amazônia também é provocada pela substituição do gado pelo grão e pela produção de cana para o etanol, atividades destinadas à exportação e com rendimento dez ou 20 vezes mais elevado que a engorda de gado. Soja e cana forçam avanço na mata Em grande parte das vezes, a pecuária acaba invadindo a floresta devido à pressão gerada por outros negócios. Segundo o pesquisador da Amigos da Terra Roberto Smeraldi, o processo ocorre quando produtores de soja ou de cana chegam às bordas da floresta já ocupadas pela pecuária e empurram as fazendas de gado para regiões onde ainda não há infra-estrutura de estradas ou distantes de centros consumidores e fornecedores de insumos. O gado termina sendo deslocado ainda mais para dentro das áreas protegidas. “A culpa não é da pecuária. Mas da falta de uma política pública adequada para o setor e da ausência de ordenamento fundiário”, pondera Smeraldi. Segundo cálculos feitos por entidades dos produtores, governo e outros institutos que acompanham o setor, o ganho médio da pecuária na Amazônia é de R$ 100 por hectare ao ano. O ganho com a produção de grãos é de R$ 500 por hectare no mesmo período. O faturamento com a produção de etanol de cana-de-açúcar chega a R$ 2,4 mil por hectare a cada safra. Isso mostra, segundo a Amigos da Terra, que a criação de boi está sendo tangida para a Amazônia em razão da elevação dos ganhos com o plantio de grãos e de cana para a produção de álcool combustível. Efeito estufa A Amigos da Terra concluiu que a explosão da pecuária na Amazônia na última década foi responsável pela emissão de um volume entre 9 e 12 bilhões de toneladas de gases causadores do efeito estufa — equivalente ao volume emitido a cada dois anos pelos Estados Unidos, o maior poluidor do planeta. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, vem tentando criar uma guarda nacional florestal para fiscalizar os desmatamentos ilegais na Amazônia por pecuaristas. Ele quer também fechar acordos com os estados da Amazônia Legal para que policiais militares formem a força especializada. A ampliação da pecuária na Amazônia é uma polêmica interna no governo. O ministro da Agricultura, Reinholds Stephanes, evita tratar do assunto. Mas suas opiniões sobre a abertura de novos pastos deverão, em breve, ser motivo de nova polêmica. “A Amazônia não é capim”, protesta Carlos Minc, antecipando o novo embate entre ambientalistas e pecuaristas dentro do governo. (LR)

segunda-feira, 9 de junho de 2008

SP aplica crédito de carbono em obras

08/06/2008 - O município de São Paulo tornou-se o primeiro do país a aplicar em obras recursos obtidos com a venda de créditos de carbono. O prefeito Gilberto Kassab anunciou o início da construção de três praças no distrito de Perus, cujos custos, de cerca de R$ 2,5 milhões, serão todos pagos com parte do que foi arrecadado em um leilão de créditos de carbono realizado em setembro do ano passado, na Bolsa de Mercantil e de Futuros (BM&F). Na ocasião, os créditos, acumulados com a geração de energia elétrica a partir de gases emitidos por um aterro sanitário vizinho aos bairros beneficiados pelas obras, foram vendidos por R$ 34 milhões a um banco holandês. Os recursos serão aplicados em melhorias nas áreas de habitação, saneamento e meio ambiente. Fonte: Valor Econômico. Adaptado por Celulose Online.