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quarta-feira, 29 de abril de 2009

CENSO AGROPECUÁRIO

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/agropecuaria/censoagro/2006/tabela1_1.pdf

As Florestas Plantadas de Eucalipto, o Uso da Terra e a Produção de Alimentos no Brasil

Mini-Artigo Técnico por Celso Foelkel As Florestas Plantadas de Eucalipto, o Uso da Terra e a Produção de Alimentos no Brasil O Brasil é um País de dimensões continentais e com relativamente alta população. São cerca de 185 milhões de habitantes ocupando uma área total de 8,51 milhões de quilômetros quadrados (851 milhões de hectares). Dessa área total, cerca de 460 milhões de hectares são biomas ainda naturais e protegidos, o que corresponde à metade da área territorial do País. Destacam-se os biomas: Floresta Amazônica, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal Mato-grossense, Mata de Araucárias (Pinhais), Mata dos Cocais, Zona Costeira e Pampa. Tecnicamente, sobrariam então cerca de 390 milhões de hectares para as ocupações de pessoas, agricultura, pecuária, reflorestamento, etc. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as lavouras agrícolas ocupavam 77 milhões de hectares em 2006; as pastagens 175 , e as matas e florestas 100 milhões de hectares (APPs e RLs - áreas de preservação permanentes e áreas de reserva legal; mais as áreas de florestas plantadas). As autoridades brasileiras argumentam que o País ainda dispõe de cerca de 90 a 140 milhões de hectares para expansão da agricultura, pecuária e silvicultura, sem que ocorra comprometimento das áreas naturais protegidas. Os ambientalistas contestam isso, pois acreditam que áreas importantes de ecossistemas naturais em regeneração (especialmente do Cerrado e Mata Atlântica) estão aí contabilizadas. De qualquer maneira, as áreas para expansão ainda são enormes. Adequados planejamentos e zoneamentos ecológico/econômico por estado e municípios poderão ajudar em muito para que o Brasil atinja um adequado nível de sustentabilidade sócio-ambiental e de produção econômica. Com isso, na situação ideal, os biomas estariam protegidos e a economia crescendo, gerando benefícios e felicidade à população crescente. Bom, não basta sonhar, é preciso fazer acontecer. O setor de base florestal pode e deve participar desse processo na busca dessa sustentabilidade integrada a nível de País e não apenas de empresas individuais ou de setor. Não podemos também esquecer que as produtividades agrícola e florestal do país estão em acentuado crescimento. Temos atingido produtividades excepcionais com a soja, a cana-de-açúcar, o eucalipto, o milho, o Pinus, etc. Existe um esforço grande por parte da área ambiental do Governo para que a agricultura e pecuária também passem a respeitar mais a legislação ambiental, em termos de APPs e RLs, da mesma forma como faz hoje a silvicultura. Os agricultores têm reagido fortemente, contra-argumentando que faltarão áreas para plantios agrícolas e pastagens e isso resultará em redução da produção agropecuária e de alimentos. Dentre as lavouras e cultivos, as mais significativas em uso da terra são: soja = 22 milhões de hectares; milho = 9,5 ; cana-de-açúcar = 6 ; pastagens cultivadas = 100; florestas plantadas = 6. As pastagens naturais, muitas empobrecidas, ocupariam 80 milhões de hectares. Observem então que existe amplo potencial de crescimento para os cultivos mais qualificados tecnologicamente a partir de áreas já degradadas pela agricultura e pela pecuária intensivas e de baixas tecnologias. (http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/agropecuaria/censoagro/2006/default.shtm) Na verdade, o que precisa ser buscado e alcançado é uma gestão integrada e não conflitiva para os diferentes uso da terra. Com isso, otimizam-se as cadeias produtivas, as inter-relações entre elas, melhora-se a competitividade e preserva-se o que deve ser preservado. As continuadas pesquisas para aumentos de produtividade e capacidade produtiva da terra também deveriam ser privilegiadas. O setor de florestas plantadas utiliza em geral áreas de baixa aptidão agrícola, com baixa capacidade de produção de alimentos. São terras que foram bem usadas pelas pastagens e agricultura anual, empobrecendo com isso. Essas terras são mais baratas, mais facilmente trabalhadas para as plantações de florestas e compatíveis com as exigências das espécies florestais em uso no País. O setor florestal também utiliza terras com declive acentuado, pouco adequadas à moderna agricultura altamente mecanizada. Com isso, também colabora na conservação desses solos declivosos por colocar sobre eles cultivos de ciclos mais longos. A área de florestas plantadas corresponde a 0,7% da área territorial do País; a 1,65% da área tecnicamente agriculturável; a 6% das áreas definidas pelo IBGE como Matas e Florestas dentro da área do Brasil que está sendo ocupada pela população com finalidades produtivas (http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/agropecuaria/censoagro/2006/utiliza.pdf). Os eucaliptos correspondem a 65% das florestas plantadas no Brasil, fica portanto fácil se calcular sua participação percentual no uso das terras. Deve-se ainda acrescentar que o setor de florestas plantadas é grande preservador de matas e florestas naturais, através de manutenção e enriquecimento das áreas de preservação permanente e de reserva legal. Isso aumenta bastante sua participação no que o IBGE classifica como Matas e Florestas. Apesar do impacto do setor de florestas plantadas ser pequeno sobre a produção de alimentos no País, por usar terras degradadas, ele existe. Isso acontece por duas razões: • ao plantar florestas em solos degradados agrícolas ou de pastagem, mesmo que eles tivessem baixa capacidade de sustentar esses tipos de produção, essas áreas deixarão de produzir algum alimento; • ao proteger as áreas de preservação permanente (várzeas alagadas, margens de rios e lagos, etc.) e de reserva legal, e que não estavam sendo protegidas pela agricultura ou pecuária, estaremos convertendo áreas de produção de alimentos em áreas de proteção ambiental. Excelente para o meio ambiente, para sustentabilidade, mas com impacto na produção de carne, arroz, milho, etc. Concordam? Nas regiões onde são plantadas florestas para uso industrial e energético, as áreas dos municípios são ocupadas em cerca de 5 a 30% pelos hortos florestais das empresas. Em relação aos estados grandes produtores de florestas plantadas (Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Rio de Janeiro, etc.) a ocupação da área territorial do estado com florestas plantadas varia de 2 a 6%. Em relação às áreas agriculturáveis desses estados, a percentagem varia de 5 a 20%. Como os piores solos são utilizados para as florestas plantadas, ainda sobram suficientes áreas melhores para a agricultura. Entretanto, deve ficar claro, que solos pobres são preferenciais, mas não são exclusivos para o setor de florestas plantadas. Existe relativa quantidade de florestas plantadas sobre solos de melhor qualidade em termos de fertilidade, topografia, etc. Para evitar conflitos potenciais pelo uso da terra e para melhorar o entendimento da sociedade em relação ao tema florestas plantadas e produção de alimentos, é importante que o setor continue seu aperfeiçoamento técnico e que se integre mais nas atividades rurais e agrícolas em suas áreas de influência. Com isso, estará favorecendo sua produção florestal, mas também colaborando para a produção de alimentos. É muito comum ouvir dos ambientalistas que a sociedade não come eucalipto e por essa razão, o condenam. Esquecem-se de que nem só alimentos são necessários para a felicidade e a sobrevivência das sociedades. Entretanto, trata-se de argumento poderoso, não restam dúvidas. O primeiro passo para melhorar isso é a participação mais efetiva do setor de florestas plantadas nos estudos de zoneamentos agro-florestais e para uso da terra, como tem acontecido em estados como Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Com isso, estaremos colaborando para que sejam delimitadas com mais segurança e qualidade os diferentes componentes das paisagens brasileiras, tais como: agricultura, pecuária, florestas plantadas, matas nativas e ecossistemas naturais, sítios arqueológicos e históricos, cidades, áreas industriais, etc. O setor florestal tem apoiado esse tipo de zoneamentos, tendo inclusive participado nos estudos e diálogos públicos. Atualmente, a produção integrada de alimentos nas áreas de florestas plantadas ainda é escassa. Poderiam ser citadas: produção de mel a partir das flores dos eucaliptos; produção de carne por pastoreio no sub-bosque; uso de alguma área de aptidão agrícola para produção de alimentos (arroz, pomares de frutas, etc.) por algum tipo de parceria com fazendeiros rurais. Vale a pena lembrar que no Chile e em Portugal, países de reduzidas áreas agriculturáveis, o problema é bem maior. Lá, algumas empresas de base florestal estão inclusive envolvidas com algum tipo de agricultura para produção de alimentos. É o caso da Portucel/Soporcel - Portugal (com plantio de uvas para vinho - http://www.portucelsoporcel.com/pt/group/docs/04.html; http://www.portucelsoporcel.com/pt/group/docs/05.html ) e Arauco Nueva Aldea (Vinhas, vinho e azeite de oliva - http://www.elsur.cl/diarioelsur/pagina.php?pagina=08&fecha=20080413). Apesar de muitos pesquisados nas universidades brasileiras e nas próprias empresas florestais, a agrossilvicultura e os sistemas silvipastoris são vistos pelos executivos dessas empresas mais como atividades a serem realizadas pelos fazendeiros/agricultores do que por elas. Toda pesquisa dedicada a essas ciências tem sido orientada para ajudar a melhorar a produção florestal e agrícola do produtor rural, através dos programas de fomento e parceria florestal. São pouquíssimas as empresas do setor de base florestal que objetivam se transformar em complexos negócios agro-florestais. Pelos conhecimentos da agrossilvicultura, o produtor rural pode continuar utilizando suas áreas com vocação agrícola ou pecuária e nas terras de pior qualidade plantar árvores consorciadas ou não com pastoreio de gado ou alguma cultura intercalar. Existem inúmeros modelos em uso pelo Brasil, mas na sua enorme maioria na propriedade do agricultor. A grande verdade é que existem dezenas de oportunidades à nossa disposição para que o setor de florestas plantadas possa produzir suas madeiras e cooperar para o crescimento da produção de alimentos no País. A primeira e mais fácil de todas seria a cooperação na transferência de "know-how" tecnológico para a agricultura, mais precisamente para os médios e pequenos proprietários rurais. Em geral, as empresas de base florestal são estado-da-arte tecnológico (silvicultura de precisão, mecanização, hidroponia, conservação do solo, fertilização e nutrição de plantas, controle biológico de pragas, biotecnologia, etc.). Através de um envolvimento maior a nível de cooperação, muitos desses conhecimentos poderiam ser transferidos e compartilhados com os agricultores regionais, alavancando assim a produtividade agrícola local. Isso poderia ser feito através de cursos, seminários, demonstrações, estágios, etc. Esse envolvimento e integração ajudaria a comunidade rural na diversificação e melhoria de suas atividades, no incremento de rendimentos agrícolas, redução de custos, e na preservação do patrimônio natural, histórico e arqueológico. Outras fantásticas alternativas existem e enumerarei algumas a título de exemplo para vocês. Outras muitas poderiam ser citadas e encontradas, basta refletir mais sobre o todo e não sobre a minha área florestal apenas. Vejam só como podemos agregar maior produção de alimentos e sustentabilidade nas regiões onde atuamos, através de: • desenvolvimento de códigos integrados de boas práticas agrícolas e florestais; • produção de bens alimentícios (frutos, sementes comestíveis, cogumelos, etc.) e fitoterápicos (ervas medicinais) a partir das áreas de preservação permanente e reserva legal (a ser desenvolvida com as instituições ambientais); • diversificação da produção nas áreas próprias, utilizando as terras com maior aptidão agrícola para produção de alimentos (ou por conta própria ou em parceria com terceiros). Uma alternativa seria usar os conceitos desenvolvidos pela agrossilvicultura e sistemas silvipastoris também em terras próprias. Mas para produzir mesmo e não apenas como campos demonstrativos. • produção de mudas das culturas agrícolas regionais nos viveiros de última geração do setor; • manejo das áreas florestais com rotação com culturas agrícolas anuais - especialmente leguminosas (feijão, soja, tremoço, grão-de-bico, etc.) ou leguminosas forrageiras (guandu, leucena, soja-perene) - ou plantas arbustivas de maior porte (pomares de ciclo mais longo para diminuir as intervenções antrópicas na área "em descanso" florestal" -exemplo: mamão, etc.); • forte apoio nos programas de proteção e conservação do solo a nível regional; • idem para os programas de proteção à hidrologia local, com instalação de micro-bacias de monitoramento não apenas em áreas de florestas próprias, mas envolvendo as áreas rurais adjacentes; • estabelecimento de parcerias com órgãos públicos de extensão e pesquisa do setor agrícola e pecuário; • forte apoio na transferência de conhecimentos sobre gestão ambiental e de resíduos sólidos (compostagem, uso agrícola de resíduos, etc.); • disponibilização de áreas próprias de terra para uso por terceiros qualificados para atividades como pastoreio, apicultura, piscicultura, pomares frutíferos, etc.; • colaboração com agricultores locais para a obtenção de certificações de produtos agrícolas, nos moldes que existe para a certificação florestal; • etc. etc. O maior envolvimento do setor florestal no estabelecimento e implementação de políticas e estratégias rurais regionais com certeza favorecerá o crescimento e a competitividade dessas regiões. Todos sabemos que para uma empresa ser competitiva ela precisa estar localizada em uma região competitiva. Não há mais como garantir competitividade se a região onde estamos for miserável e com baixas qualificações. Quanto mais qualificados forem nossos vizinhos, melhores seremos nós também. Por isso tudo amigos, vamos refletir um pouco mais em como acelerar essas e outras oportunidades. Com elas, estaremos dando um nível maior de multi-funcionalidade à silvicultura e exercitando melhor nosso papel de empresa cidadã. Estaremos colaborando para que a rede de produção das florestas plantadas seja cada vez mais uma rede de valor para nós e para a Sociedade Brasileira.

AQUECIMENTO GLOBAL: Os mitos do eucalipto

23/04/2009 AQUECIMENTO GLOBAL: Os mitos do eucalipto A edição da Gazeta do Povo do dia 1º do corrente divulgou opiniões e apreensões de prefeitos e outras pessoas sobre o cultivo de eucaliptos em municípios do Norte do Paraná, cuja expansão da cultura significaria prejuízos pela degradação do solo, como a cultura de cereais, por estar “invadindo áreas antes cultivadas com soja, milho e cana-de-açúcar” e que “para conter o avanço do eucalipto os prefeitos da região, conforme o prefeito de Ibaiti estuda a possibilidade de promover um zoneamento agrícola e criar uma barreira para impedir que a espécie tome o lugar de outras culturas”. O que certamente seria um Plano Diretor para ordenar o desenvolvimento rural é, em tese, louvável, mas de difícil realização, uma vez que as regras para utilização da propriedade rural já estão estabelecidas pela Constituição e leis decorrentes. Quanto à opção do agricultor de cultivar o que mais lhe convém é o direito da livre iniciativa garantida pela Constituição de 1988. Os argumentos contrários ao cultivo florestais ali alinhados, em síntese, são os seguintes: comprometem a qualidade do solo; secam os mananciais; prejudicam as culturas que geram mais renda; empobrecem o solo; afetam a fauna e a flora; são variedades exóticas; essas árvores produzem substâncias tóxicas e eliminam plantas ao seu redor; e destroem nascentes. Contudo, não houve imposição dos cultivos florestais, o que faz crescer sua demanda são as vantagens para todos. Seriam argumentos incontestáveis se estivessem fundamentados em estudos e pesquisas científicas. Estas, entretanto, existem e confirmam o contrário. Vejamos o que dizem pesquisas de órgãos competentes e insuspeitos: a) O consumo de água da cultura do eucalipto é menor que na maioria das espécies cultivadas pelos nossos agricultores, como soja, café e trigo, também exóticos. b) Quanto ao potencial das espécies em “secar mananciais” respondem a Universidade Federal de Viçosa, a UFPR, a Unicamp e o Instituto de Pesquisas Florestais, em artigo publicado na Revista Veja em abril de 2008, em matéria sobre a cultura do eucalipto, contestando alguns mitos, entre eles o que diz respeito ao consumo de água pela espécie. Para a produção de um quilo de madeira de eucalipto são consumidos 350 litros de água. Já um quilo de grãos de soja exige 2.000 litros de água. Comparações entre espécies de eucaliptos com outras essências florestais mostram que plantios de eucalipto no Brasil consomem a mesma quantidade de água que as florestas nativas. Estudos comprovam que a água disponível para o eucalipto é proveniente, sobretudo, da camada superficial do solo. Normalmente suas raízes não ultrapassam 2,5 metros de profundidade e não conseguem chegar aos lençóis freáticos. c) Quanto a prejudicar culturas que geram mais renda devemos lembrar que as pequenas e médias propriedades rurais, com ênfase às primeiras, sobrevivem não de uma única cultura, mas sim do conjunto delas, o que é chamado “sistema de produção”. Nestas propriedades a cultura do eucalipto faz parte deste sistema, coexistindo com a pecuária e agricultura tradicional e contribuindo na renda do conjunto de atividades. Trabalhos desenvolvidos conjuntamente entre Embrapa-Florestas, Emater e Seab demonstram que a atividade, quando inserida nos sistemas de produção, apresenta rentabilidade superior, sendo, contudo, um investimento de médios e longos prazos. d) Sobre o empobrecimento do solo, pesquisas independentes já mostraram, também, os efeitos benéficos do eucalipto sobre diversas propriedades do solo, como estrutura, capacidade de armazenamento de água, drenagem e aeração, entre outras. Vale a pena frisar que quase tudo que o eucalipto retira do solo, ele devolve. Após a colheita, cascas, folhas e galhos, que possuem 70% dos nutrientes das árvores, permanecem no local e incorporam-se ao solo como matéria orgânica. e) O argumento de que a fauna e a flora são afetados negativamente também merece atenção, pois quando os plantios são realizados de forma orientada e em respeito a Legislação Ambiental vigente, são entremeados com áreas cobertas com vegetação nativa, formando corredores que favorecem a preservação da fauna e da flora, oferecendo condições de abrigo, alimentação reprodução para várias espécies. Com a adoção de modernas técnicas de planejamento de uso do solo, fica garantida a biodiversidade dos sistemas aquáticos e terrestres. Também não se observa, em áreas de plantio do eucalipto, qualquer efeito de produção de substâncias tóxicas que impeçam o crescimento de outras espécies, prova disto são áreas implantadas no estado onde se realiza, com sucesso, o consórcio da árvore com pastagens (sistemas silvipastoris) e com a agricultura tradicional (sistemas silviagrícolas). É preciso que tenhamos consciência da frágil realidade florestal do Paraná, que com uma conjuntura composta por mais de 1.200 indústrias e 350 mil trabalhadores, desponta como segundo produto da pauta de exportações do estado. Mas, não por largo horizonte, estamos na iminência de um “apagão” no setor caso não cuidemos imediatamente de suprir o déficit entre disponibilidade florestal e consumo. Diante do que precisamos cultivar no mínimo 57 mil hectares, a mais do que vem sendo realizado, para estabelecermos o equilíbrio a partir de 2021. Daí a importância de levarmos aos paranaenses os meios para que em conjunto possamos alcançar essa meta. As opiniões precisam vir a público para que dúvidas se esclareçam e, pelo diálogo sereno e honesto, não só asseguremos o funcionamento do sistema como ainda possamos ampliá-lo, criando novas oportunidades de desenvolvimento sustentável no campo e nas cidades. Nivaldo Passos Kruger é secretário especial de Desenvolvimento Florestal Fonte: Gazeta do Povo

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Dia da Terra

Qua, 22 Abr, 09h51 Por Redação Yahoo! Brasil PUBLICIDADE Nesta quarta-feira, 22, é o Dia da Terra, data que tem a intenção de fazer com que todas as pessoas do mundo todo parem para pensar um pouco em meios para a preservação do meio ambiente que está sendo destruído diariamente pelos homens. Pequenas ações do mundo inteiro podem levar a uma grande melhora para o nosso Planeta. Não temos o poder de melhorar essa situação porque o que foi feito não tem mais volta, mas temos a capacidade de estagnar no ponto em que estamos. Tudo que temos tiramos em forma de matéria prima da Terra, mas devolvemos em forma de lixo. Esses recursos são finitos e uma hora vai acabar. Depois que isso acontecer, o que você vai fazer? Por isso, essas atitudes devem ser intrínsecas às pessoas. Nada deve ser forçado e sim, algo que venha da consciência de cada um. Veja algumas dicas de como colocar em prática no seu dia-a-dia uma atitude mais "verde", à favor do ar, da saúde e bem-estar das pessoas, da fauna, da flora, das águas, do Planeta Terra e aproveite para economizar dinheiro. - Procure fazer compra a cada duas semanas, em vez de uma vez por semana, para evitar o desperdício de comida. Coma mais ovos e grãos e menos carne - Uma torneira que pinga uma gota por minuto pode desperdiçar mais de 11340 litros por ano. E ainda aumenta a conta no final do mês. - Uma TV de plasma usa duas vezes mais energia que uma de LCD. TVs grandes também gastam mais energia. Compre apenas a TV do tamanho certo para a sua sala. Aproveite para assistir TV com a família não deixando mais de uma ligada em um mesmo programa - Desista do desodorizador de ambientes. Decore a sua casa com plantas e melhore a qualidade do ar. - Evite spams para economizar tempo, árvores e dores de cabeça - Quando o PC está ocioso, ele gasta mais energia. Use o modo econômico de segurança, ou melhor, desligue o monitor e o computador quando não estiver usando - Quando for trocar o seu computador ou telefone celular, recicle os eletrônicos velhos em vez de jogá-los no lixo - Instale um redutor de fluxo nas torneiras. Isso pode poupar até um galão de água por minuto - Tome banhos mais curtos para economizar água - Instale lâmpadas com sensor de presença nas áreas externas. Assim, elas só acendem quando você precisar delas - Se tiver espaço em casa, faça uma pequena horta - Tampar a panela enquanto uma comida cozinha faz com que seja aproveitado o calor que se dissipa no ar - Faça coleta seletiva na sua casa - Prefira embalagens recicláveis - Verifique a integridade do escapamento do seu veículo para garantir que a emissão de gás carbônico não seja excessiva - Tente dar mais caronas e usar o transporte público. Dirigir sozinho pode ser caro, e solitário - Quando for fazer compras, prefira sacolas reutilizáveis àquelas descartáveis.

A GRAÇA DE SER SÓ

A graça de ser só - Pe Fábio de Melo Há pessoas que acham um absurdo o fato de padre não poder casar Ando pensando no valor de ser só. Talvez seja por causa da grande polêmica que envolveu a vida celibatária nos últimos dias. Interessante como as pessoas ficam querendo arrumar esposas para os padres. Lutam, mesmo que não as tenhamos convocado para tal, para que recebamos o direito de nos casar e constituir família. Já presenciei discursos inflamados de pessoas que acham um absurdo o fato de padre não poder casar. Eu também fico indignado, mas de outro modo. Fico indignado quando a sociedade interpreta a vida celibatária como mera restrição da vida sexual. Fico indignado quando vejo as pessoas se perderem em argumentos rasos, limitando uma questão tão complexa ao contexto do "pode ou não pode". A sexualidade é apenas um detalhe da questão. Castidade é muito mais. Castidade é um elemento que favorece a solidão frutuosa, pois nos coloca diante da possibilidade de fazer da vida uma experiência de doação plena. Digo por mim. Eu não poderia ser um homem casado e levar a vida que levo. Não poderia privar os meus filhos de minha presença para fazer as escolhas que faço. O fato de não me casar, não me priva do amor. Eu o descubro de outros modos. Tenho diante de mim a possibilidade de ser daqueles que precisam de minha presença. Na palavra que digo, na música que canto e no gesto que realizo, o todo de minha condição humana está colocado. É o que tento viver. É o que acredito ser o certo. Nunca encarei o celibato como restrição. Esta opção de vida não me foi imposta. Ninguém me obrigou a ser padre, e, quando escolhi sê-lo, ninguém me enganou. Eu assumi livremente todas as possibilidades do meu ministério, mas também todos os limites. Não há escolhas humanas que só nos trarão possibilidades. Tudo é tecido a partir dos avessos e dos direitos. É questão de maturidade. Eu não sou um homem solitário, apenas escolhi ser só. Não vivo lamentando o fato de não me casar. Ao contrário, sou muito feliz sendo quem eu sou e fazendo o que faço. Tenho meus limites, minhas lutas cotidianas para manter a minha fidelidade, mas não faço desta luta uma experiência de lamento. Já caí inúmeras vezes ao longo de minha vida. Não tenho medo das minhas quedas. Elas me humanizaram e me ajudaram a compreender o significado da misericórdia. Eu não sou teórico. Vivo na carne a necessidade de estar em Deus para que minhas esperanças continuem vivas. Eu não sou por acaso. Sou fruto de um processo histórico que me faz perceber as pessoas que posso trazer para dentro do meu coração. Deus me mostra. Ele me indica, por meio de minha sensibilidade, quais são as pessoas que poderão oferecer algum risco para minha castidade. Eu não me refiro somente ao perigo da sexualidade. Eu me refiro também às pessoas que querem me transformar em "propriedade privada". Querem depositar sobre mim o seu universo de carências e necessidades, iludidas de que eu sou o redentor de suas vidas. Contra a castidade de um padre se peca de diversas formas. É preciso pensar sobre isso. Não se trata de casar ou não. Casamento não resolve os problemas do mundo. Nem sempre o casamento acaba com a solidão. Vejo casais em locais públicos em profundo estado de solidão. Não trocam palavras nem olhares. Não descobriram a beleza dos detalhes que a castidade sugere. Fizeram sexo demais, mas amaram de menos. Faltou castidade, encontro frutuoso, amor que não carece de sexo o tempo todo, porque sobrevive de outras formas de carinho. É por isso que eu continuo aqui, lutando pelo direito de ser só, sem que isso pareça neurose ou imposição que alguém me fez. Da mesma forma que eu continuo lutando para que os casais descubram que o casamento também não é uma imposição. Só se casa aquele que quer. Por isso perguntamos sempre – É de livre e espontânea vontade que o fazeis? – É simples. Castos ou casados, ninguém está livre das obrigações do amor. A fidelidade é o rosto mais sincero de nossas predileções.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Polêmica: a marca do Deputado Clodovil Hernandes

Polêmica: a marca do Deputado Clodovil Hernandes Roxane Ré | Roxane Ré | 17/03/2009 23:56 impressão | Envie por e-mail | RSS A Proposta de Emenda à Constituição (PEC 279/08) que prevê a redução de 513 para 250 do número de deputados federais foi devolvida pela Mesa da Câmara, no ano passado, por não conter assinaturas suficientes e decorrido o prazo de 5 sessões sem apresentação de recurso. O autor da proposta: o polêmico deputado Clodovil Hernandes (PR/SP) que mais uma vez conseguiu deixar sua marca ao tentar tratar de assunto quase proibido. A iniciativa do deputado levantou um debate sobre a representatividade no País. Preocupado com a economia de despesas públicas, Clodovil afirmava que 250 deputados são suficientes para representar a diversidade da sociedade brasileira. Ele também considerava importante a questão da representação proporcional à população. Atualmente, cada unidade da federação não pode ter menos de 8 ou mais de 70 deputados. Pela proposta, o mínimo passa a ser 4 e o máximo 35. Clodovil falou que estados mais populosos acabam em desvantagem. "Vou pegar Roraima que tem 400 mil habitantes. São 100 mil a menos do que aquilo que consegui em São Paulo. Mas a minha votação estrondosa não vale nada. Um percentual muito menor em Roraima consegue cargos e tudo. Tem 8 deputados, 3 senadores, não sei quantos isso, cada lugar tem um prefeito, tem vice-prefeito, tem vereador. Enfim, o estado inteiro mama na vaca profana do País." O deputado não desistiu da idéia e seguiu para o projeto de decreto legislativo que convoca plebiscito para redução do número de deputados federais. No último dia 13, foi designado relator o Deputado Flávio Dino (PCdoB/MA) na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Assim como qualquer outra iniciativa, você pode se cadastrar no site da Câmara e acompanhar o assunto. Acredito que deveríamos pensar sobre a iniciativa. Esta é a íntegra da justificativa do projeto (PDC 1349/08): O projeto de decreto legislativo ora apresentado pretende permitir aos cidadãos, por meio de plebiscito, decidir sobre a redução do número de Deputados Federais, de quinhentos e treze para duzentos de cinqüenta representantes na Câmara dos Deputados. O objetivo da proposição é o de tornar a Câmara dos Deputados um Colegiado mais eficiente, o que se realizará por meio da tomada mais célere de decisões e pela reestruturação de sua organização administrativa. Com efeito, a grande quantidade e complexidade dos problemas enfrentados pela sociedade brasileira nesse início de milênio demandam um Poder Legislativo mais atuante e preparado para a resolução rápida de relevantes questões. Nesse passo, a redução do número de Deputados Federais contribuirá efetivamente para a realização de debates e produção legislativa em tempo compatível com as exigências dos tempos atuais. A par disso, há que se ter em conta que uma máquina administrativa de dimensão mais adequada ao cumprimento das missões do Parlamento permitirá melhor organização e controle de gastos públicos. A redução do número de Deputados Federais conduzirá ao aperfeiçoamento dos órgãos que compõem a Câmara dos deputados, dos trabalhos das Comissões e das deliberações do Plenário. Com a certeza da relevância do plebiscito de redução da composição da Câmara dos Deputados para o aprimoramento do Poder Legislativo brasileiro, contamos com o apoio dos nobres Pares para sua aprovação. Deputado CLODOVIL HERNANDES

PEC QUER REDUZIR NÚMERO DE DEPUTADOS PELA METADE

PEC QUER REDUZIR NÚMERO DE DEPUTADOS PELA METADE Quase no apagar das luzes do primeiro semestre legislativo, o deputado Clodovil Hernandes (PR-SP) apresentou Mesa da Câmara proposta de emenda Constituição (PEC) que visa reduzir o número de deputados federais dos atuais 513 para 250. A proposta recebeu o apoiamento de 279 deputados, mas bastava o apoio de 172 deputados para que ela fosse apresentada. Agora a proposta deverá ser encaminhada Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), para uma primeira análise de admissibilidade e dos pressupostos de constitucionalidade e juridicidade. De acordo com a PEC, a representação por estado e pelo Distrito Federal será estabelecida por lei complementar, proporcionalmente população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior s eleições. A proposta estabelece que nenhuma unidade da federação poderá ter menos de quatro deputados federais e nem mais de 35. Atualmente, a menor representação tem oito deputados, o que atinge oito estados e o DF, e a maior, 70 deputados, que é o caso de São Paulo. O atual número de deputados nos parece excessivo, mormente em um momento em que a sociedade se volta contra a classe política e exige a depuração de seus quadros, afirma o parlamentar paulista, na justificativa sua proposta. Clodovil afirma que a Câmara exerce atividades que viabilizam a realização dos anseios da população com a discussão e aprovação de propostas sobre as mais diferentes áreas. Entendemos que a Câmara, com 250 membros, já possuirá amplas condições de representar a diversidade da sociedade brasileira, e possibilitará um enxugamento de estruturas administrativas que redundará até mesmo em significativa diminuição de despesas públicas como ganho secundário, justifica Clodovil. Se a proposta vier a ser aprovada haverá um corte de 263 deputados e uma redução de gastos, só em despesas com esses parlamentares, da ordem de R$ 26,3 milhões por mês, se considerar que o deputado custa por mês algo em torno de R$ 100 mil, incluindo salário, despesas com pessoal de gabinete, verba indenizatória, moradia e passagens. FONTE: Agência Estado

domingo, 5 de abril de 2009

Matas ciliares e ecossistemas fluviais

Matas ciliares e ecossistemas fluviais: uma relação indissociável Paulo Roberto Alves da Cunha | Geógrafo | paulorac_2006@yahoo.com.br www.crea-rs.org.br 25 área técnica - artigos O crescente processo de degradação que tem atingido os corpos hídricos nas mais diferentes regiões do Brasil tem feito com que se busquem soluções para assegurar a manutenção ou a recuperação do equilíbrio ambiental desses ecossistemas fluviais. Um componente importante para garantir as características naturais desses ecossistemas aquáticos são as matas ciliares. De acordo com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul (Sema), mata ciliar é a formação vegetal que ocorre nas margens dos rios, córregos, lagos, lagoas, olhos d’água, represas e nascentes. A importância da vegetação ciliar A vegetação ciliar desempenha um importante papel para a manutenção do equilíbrio ambiental, através da função hidrológica protegendo os cursos d’água e pela sua função ecológica, protegendo a biodiversidade. De acordo com Barrella (2001, p. 187), dentre as inúmeras utilidades que as matas ciliares possuem, pode-se destacar: “a formação de hábitats e abrigos, corredores de migração, áreas de reprodução, constância térmica, regulação de entrada e saída de energia, fornecimento de material orgânico, contenção de ribanceiras, diminuição de entrada de sedimentos, sombreamento, regulação da vazão, e do fluxo de corrente, além da influência na concentração de elementos químicos na água”. As matas ciliares servem de abrigo a espécies animais como répteis, mamíferos, anfíbios e aves que encontram nestas áreas marginais uma fonte de alimento, a proteção necessária para fugir dos predadores ou um local de reprodução. Por serem uma área ecótona, entre o ambiente aquático e o terrestre, as matas ciliares são um importante corredor ecológico para a movimentação da fauna silvestre. As matas ciliares além de controlarem a erosão do solo também impedem por absorção do seu sistema radicular, a passagem de nutrientes e defensivos químicos, que por escoamento subsuperficial poderiam chegar aos cursos d’água. Matas ciliares e ecossistemas fluviais: uma relação indissociável Legislação De acordo com a Sema, as matas ciliares são consideradas pelo Código Florestal Federal (Lei nº 4771/65), alterada pela Lei nº 7803/89, como Área de Preservação Permanente. De acordo com o artigo 2º desta lei, a largura da faixa de mata ciliar a ser preservada está relacionada com a distancia de margem a margem do curso d’água. A faixa mínima a ser preservada é de 30 metros, em cada margem, porém, essa largura pode variar bastante (Fig. 1). Degradação A retirada da vegetação ciliar nas áreas rurais é comum como forma de aumentar as áreas de cultivo que, normalmente, demandam grandes quantidades de terra. Além disso, os pecuaristas, frequentemente, removem essa vegetação para o plantio de pasto que serve de alimento para o gado ou para facilitar o acesso desses animais até os rios, onde utilizam as águas para consumo. A retirada dessa vegetação faz com que as taxas de erosão nessas áreas aumentem pela exposição do solo. Conforme Guerra e Mendonça (2004, p. 235), “as taxas de erosão nas áreas rurais aumentam, em freqüência e magnitude, em especial nos terrenos que são deixados descobertos durante uma boa parte do ano ou naquelas áreas onde há o superpastoreio, aumentando a densidade do solo, com o excessivo pisoteio do gado. Todas essas práticas tendem a elevar as taxas de erosão acelerada”. Além disso, como diminui a infiltração, tanto o escoamento subsuperficial como o abastecimento do lençol freático que contribuem para aumentar a vazão nos períodos de baixa pluviosidade também tem um decréscimo em seus níveis. As áreas urbanas também sofrem com a erosão dos solos por conseqüência do crescimento urbano desordenado, que acarreta a destruição da vegetação beiradeira para a construção de moradias irregulares sobre essas áreas que são protegidas por lei. Nas cidades que sofrem com o problema das enchentes nos períodos chuvosos, é comum o investimento do poder público em obras de canalização, buscando dar vazão às águas das chuvas. Segundo Botelho e Silva (2004, p. 175), “a canalização e retificação dos cursos d’água constituem intervenções antrópicas que afetam sobremaneira o sistema hidrológico. Essas obras têm como objetivo aumentar a velocidade e a vazão dos rios, a fim de promover o escoamento rápido do grande volume de água que atinge os canais fluviais e possibilitar a ocupação de suas margens”. Entretanto, essas obras resolvem o problema apenas localmente, pois a retirada da vegetação ciliar das margens e a retificação dos canais apenas transferem o problema para jusante. Com base no que foi discutido até aqui, fica evidente a relação intrínseca entre as matas ciliares e os ecossistemas fluviais, seja em relação aos aspectos hidrológicos ou ecológicos. Para que essa relação continue ocorrendo de forma equilibrada, torna-se fundamental o cumprimento da legislação vigente, através da fiscalização por parte do poder público e da conscientização da sociedade sobre a importância da preservação das matas ciliares para o meio ambiente e por extensão para a própria sociedade. Paulo Roberto Alves da Cunha | Geógrafo | paulorac_2006@yahoo.com.br referências bibliográficas BARR ELLA, W. et al. As relações entre as matas ciliares, os rios e os peixes. In: RODRIGUES, R. e FILHO, H. (orgs.) Matas ciliares: Conservação e Recuperação. 2ª ed. São Paulo: EDUSP, 2001. BOTE LHO. R.G.M. e SILVA, A. S. da. Bacia Hidrográfica e Qualidade Ambiental. In: VITTE, A. C. e GUERRA, A. J. T. (orgs.) Reflexões sobre a Geografia Física no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. GUER RA, A. J. T. e MENDONÇA, J. K. S. Erosão dos Solos e Qualidade Ambiental. In: VITTE, A. C. e GUERRA, A. J. T. (orgs.) Reflexões sobre a Geografia Física no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. Secre taria Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em: www.fepam.gov.br/ - Acesso em: 14/06/07 Secre taria Estadual do Meio Ambiente do Estado do Paraná. Disponível em: www.pr.gov.br/ meioambiente/sema/ - Acesso em: 29/06/07

Florestas plantadas e água

Florestas plantadas e água: conflito ambiental ou ausência de políticas sadias de uso da terra? Walter de Paula Lima | Professor de Hidrologia Florestal na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP) Os benefícios gerados pelas florestas plantadas ao país são muitos, mas freqüentemente eles acabam sendo subjugados pela questão da polêmica ambiental das florestas plantadas, principalmente em relação à água. No Brasil, essa polêmica tem sido recorrente, ressurgindo de quando em vez, sempre com a mesma feição carregada de meia-verdade, folclore, desconhecimento e, por que não dizer, marotagem. Ou seja, a cada vez que ressurge, fica claro que tudo o que foi discutido e esclarecido da última vez acaba ficando esquecido. Quem sabe não estamos sabendo ou querendo resolver nada. Pode-se perguntar, por exemplo, se as informações científicas disponíveis sobre o assunto estão chegando aos formadores de opinião de forma clara. Mas, pode ser, também, que o problema decorre de nossa incapacidade histórica de formular e implementar políticas sadias de uso da terra, principalmente no que diz respeito à conservação dos recursos hídricos. No mundo todo, é cada vez mais forte o interesse e a necessidade de se estabelecer políticas adequadas de uso da terra, devido à aceleração dos processos de alteração da paisagem pelo homem e seus reflexos em termos da diminuição da água, da degradação hidrológica das microbacias hidrográficas e das sentidas mudanças climáticas. A hidrologia florestal, enquanto focada nas relações entre a floresta e a água e suas implicações para com a manutenção dos serviços ambientais e a estabilidade hidrológica das microbacias, é, sem dúvida, crítica para o equacionamento do problema. O nosso país é pleno de exemplos de degradação hidrológica, decorrentes da alteração da paisagem, do manejo inadequado, da erosão, da compactação do solo, de estradas mal desenhadas, da destruição das matas ciliares e conseqüente perda da resiliência das microbacias e diminuição da recarga dos aqüíferos. Mas isso tudo ocorre de forma difusa e gradativa e poucos enxergam ou sentem. O resultado, todavia, afeta e é sentido por todos: diminuição da água, secamento de lagoas, de nascentes e morte de riachos e rios. E aí é mais fácil seguir a tendência marota do “bode expiatório”, da “lei do menor esforço”, do “pontapé na cerca que já está caindo”. É o eucalipto! É o deserto verde” das florestas plantadas! Tanto para quem não gosta das florestas plantadas, quanto para aqueles que as manejam, é preciso ficar claro que elas precisam, sim, de água para crescer, como qualquer outra espécie vegetal. Durante a fase inicial de rápido crescimento, característico destas florestas plantadas, visando ao abastecimento industrial, esse consumo de água é também maior do que aquele presente na vegetação de menor porte e, eventualmente, até em relação a ecossistemas florestais naturais. Em outras palavras, como foi colocado em uma das palestras do congresso internacional sobre o tema floresta e água, realizada em agosto deste ano na China, “a produção florestal dá-se ao custo de um consumo de água”. Então, o que é preciso equacionar é o seguinte: primeiro, se o meio, em termos da disponibilidade natural da água (o balanço entre a precipitação e a evapotranspiração potencial) comporta esse acréscimo temporário no consumo de água. Quando for o caso, é preciso, portanto, começar a pensar em estratégias de manejo, que levem em conta o zoneamento hidrológico, o espaçamento entre as árvores e o período de rotação, já que o consumo de água das florestas plantadas tende a diminuir em idades mais avançadas, o que significa que pode haver um retorno ao equilíbrio dos processos hidrológicos, na escala das microbacias hidrográficas. Além disto, uma outra estratégia, que visa integrar a conservação da água no manejo de florestas plantadas, passa, também, pelo planejamento deliberado da ocupação dos espaços produtivos da paisagem pelas mesmas, respeitando as áreas de nítida vocação de proteção da água, como são as cabeceiras de drenagem e as áreas ripárias das microbacias. Aqui é sempre importante ter em conta que, na natureza, a localização destas áreas ripárias das microbacias não coincide, necessariamente, com o que a lei define como “área de preservação permanente”. Ou seja, respeitar a lei já é um passo, mas não constitui estratégia suficiente para a conservação da água. Pela mesma razão, apenas restaurar as matas ciliares não vai tampouco resolver o problema. E uma terceira estratégia é o monitoramento hidrológico, através de critérios adequados, visando obter informações experimentais para realimentar as práticas de manejo, objetivando sua melhoria contínua, que é, no fundo, o interesse de todos. Esse é, afinal, o espírito do conceito de manejo sustentável. O que é preciso, portanto, é o seguinte: primeiro, que as políticas de uso do solo e da conservação dos recursos hídricos evolua da condição de olhar apenas a jusante, para a condição de olhar também a montante, pois é ali que estão os problemas da degradação hidrológica. Segundo, que o manejo das florestas plantadas, assim como o manejo agrícola e, enfim, o manejo dos recursos naturais em geral, leve em conta essas interações hidrológicas todas. E terceiro, que as pessoas bem intencionadas procurem, um dia, fazer uma comparação destes aspectos hidrológicos no meio rural. Vão poder ver nascentes e riachos degradados, secos, em áreas onde nunca o eucalipto chegou. Poderão também enxergar que há, de modo geral, mais respeito para com a conservação das matas ciliares, nas áreas do setor florestal produtivo. E assim, Matéria quem sabe, cheguem à conclusão de que todos nós, afinal, temos uma parcela de culpa pela degradação dos nossos recursos hídricos. Em tempo, ao sair da cidade para esta vistoria, procurem também observar o que a urbanização fez com os nossos riachos e nascentes! publicada na Revista Opiniões na edição de Set-Nov 2006

Avanço do eucalipto preocupa - Vida e Cidadania - Gazeta do Povo

Avanço do eucalipto preocupa - Vida e Cidadania - Gazeta do Povo