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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

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O Brasil virou um grande PMDB
Arnaldo Jabor
O Globo - 17/02/2009 Estamos anestesiados diante da vida política do país A entrevista de Jarbas Vasconcelos na revista "Veja" desta semana éuma rara ilha de verdade neste mar de mentiras em que naufragamos.Precisávamos dessas palavras indignadas que denunciam a rede demediocridade política e de desagregação de poderes que assola o país,do Congresso ao Executivo. De dentro de casa, Jarbas berrou: "O PMDB é corrupto!". E mostrou comoesse partido nos manipula, sob o guarda-chuva do marketing populistade Lula. O que Jarbas Vasconcelos atacou já era voz corrente entre jornalistas,inclusive o pobre diabo que vos fala. Mas sua explosão é legítima e incontestável, vinda de um dosfundadores do MDB, depois transformado nesta anomalia comandada peloSarney, que é o líder sereno e hábil da manutenção do atraso em nossasvidas. Duvidam? Vão a São Luís para entender o que fez esse homem comseu jaquetão impecável há 40 anos no poder daquele estado. Jarbasaponta: "A moralização e a renovação são incompatíveis com a figura dosenador Sarney, (...) que vai transformar o país em um grandeMaranhão". Mais que um partido, o PMDB atual é o sintoma alarmante de nossadoença secular. Era preciso que um homem de estatura política abrissea boca finalmente, neste país com a oposição acovardada diante doibope de Lula. Estamos aceitando a paralisia mental que se instalou no país, sob ademagogia oportunista deste governo. O gesto de Jarbas é importantejustamente por ser intempestivo, romanticamente bruto, direto, seminteresses e vaselinas. É mais que uma entrevista - é um manifesto do "eu-sozinho", um atohistórico (se é que ainda sobra algo "histórico" na política morna dehoje). E não se trata de um artigo de denúncia "moral" ou de clamorpor "pureza": é um retrato de como alianças espúrias e a corrupção"revolucionária" deformaram a própria cara da política brasileira. Comsuas alianças e negaças, o governo do PT desmoralizou o escândalo! Lula revalidou os velhos vícios do país, abrindo as portas paracorruptos e clientelistas, em nome de uma "governabilidade" que nadagoverna, impedido pela conveniência e pelos interesses de seus"aliados". É como ser apoiado por uma máfia para combater o mal dasmáfias. Jarbas não tem medo de ser chamado de reacionário pelo povão ou pelosintelectuais que ainda vivem com o conceito de "esquerda" entranhadoem seus cérebros, como um tumor inoperável. Essa palavra "esquerda" ainda é o ópio dos intelectuais e"santifica"qualquer discurso oportunista. Na mitologia brasileira,Lula continua o símbolo do "povo" que chegou ao poder. A origem quase"cristã" desse mito de "operário salvador", de um Getúlio do ABC,dá-lhe uma aura intocável. Poucos têm coragem de desmentir esse dogma,como a virgindade de Nossa Senhora. A última vez que vimos verdades nuas foi quando Roberto Jefferson,legitimado por sua carteirinha de espertalhão, botou os bolchevistasmalucos para correr. Depois disso, chegou o lulo-sindicalismo, ou o peleguismodesconstrutivo, que empregou mais de cem mil e aumentou os gastosfederais de custeio em 128 por cento. O lulismo esvazia nossa indignação, nossa vontade de crítica, deoposição. Para ser contra o que, se ele é "a favor" de tudo,dependendo de com quem está falando - banqueiros ou desvalidos? Elepõe qualquer chapéu - é ecumênico, todas as religiões podem adorá-lo. Ele ostenta uma arrogância "simpática" e carismática que nos anestesiae que, na mídia, cria uma sensação de "normalidade" sinistra, mas que,para quem tem olhos, parece a calmaria de uma tempestade que virá parao próximo governante. Herdeiro da sensata organização macroeconômica de FH, que, graças aDeus, o Palocci manteve (apesar dos ataques bolchevistas dos Dirceusda vida), Lula surfou seis anos na bolha bendita da economiainternacional, mas não aproveitou para fazer coisa alguma nova oureformista. Lula tem a espantosa destreza de nos dar a impressão de que "tudo vaibem", de que qualquer critica é contra ele ou o Brasil. Como disse Jarbas em sua entrevista, o governo do PT "deixou a éticade lado e não fez reformas essenciais, nem nada para a infraestrutura,e o PAC não passa de um amontoado de projetos velhos reunidos empacote eleitoreiro" (...), e o Bolsa Família, que é o maior programaoficial de compra de votos do mundo, não tem compromisso algum com aeducação ou com a formação de quadros para o trabalho". A única revolução que deveria ser feita no Brasil seria o enxugamentode um Estado que come a nação, com gastos crescentes, inchado deprivilégios, um Estado que só tem para investir 0,9% do PIB. Atentativa de modernização que FH tentou foi renegada pelo governo doPT. Lula fortaleceu o patrimonialismo das velhas oligarquias, e o PACé uma reforma cosmética, como a plástica da Dilma, que ele quer elegerpara voltar depois, em 2014. O único projeto do governo é o próprioLula. Em cima dos 84% de aprovação popular, nada o comove. Só secomove consigo mesmo. Lula se apropriou de nossa tradicional "cordialidade" corrupta paraesvaziar resistências. Assim, ele revitalizou o PMDB - o partido quevai decidir nosso futuro! Hoje, não temos nem governo nem oposição -apenas um teatro em que protagonistas e figurantes são o PMDB. E no meio disso tudo: o Lula, um messias sem programa, messias de si mesmo. Oitenta e quatro por cento do povo apoia um governo que achaprogressista e renovador, quando na verdade é ultraconservador eregressista. Nem o PT ele poupou para "conservar" a si mesmo. O PMDB é sua tropa dechoque, seu "talibã" molenga e malandro. Agora...tentem explicar este quadro que Jarbas sintetiza com a claraluz de sua entrevista para um pobre homem analfabeto que descola 150reais por mês do Bolsa Família... Vivemos um grande autoengano.