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quarta-feira, 7 de julho de 2010

A onipresente dubiedade da candidata

A onipresente dubiedade da candidata
7/7/2010 - 12:32:00  
Não foi a primeira, nem será a última vez. Dilma Rousseff disse e depois se desdisse sobre o que pretende oferecer ao Brasil. Entregou ao TSE uma plataforma de governo para, horas depois, recolhê-la e renegá-la. Neste jogo de esconde-esconde, é possível que cheguemos a outubro sem saber a que vem a candidata do PT. Vale o risco?
O PT e a escolhida de Lula protagonizaram na segunda-feira o que poderia ser visto como apenas mais uma trapalhada. Mas é muito mais do que isso. Trata-se de algo que escancara, como se ainda fosse preciso, a dubiedade que cerca a candidatura de Dilma.
Afinal, valem as ideias  que estavam nas 19 páginas que ela e o presidente do PT rubricaram - e supostamente teriam lido e com elas concordado - ou as que tiveram de ser postas às pressas num papel que a candidata a presidente da República nem viu nem assinou antes de entregar ao TSE?
O programa de governo originalmente protocolado por Dilma continha algumas das velhas teses petistas, as mesmas aprovadas no Congresso do partido em fevereiro passado. A saber: leniência com a invasão de propriedades; cobrança de mais impostos sobre renda; combate à liberdade de imprensa; defesa indiscriminada do aborto. Tudo posto lá, bonitinho, item por item.
Diz-se agora que foi deslize, que os arquivos foram trocados inadvertidamente. Será? Vejamos o que disse o secretário de Comunicação do PT logo após ter entregado o documento controverso ao TSE, e ao se ver diante dos, àquela altura ainda tímidos, questionamentos da imprensa: "Não há problema em ter pontos polêmicos nele. Nós somos polêmicos e isso não é problema, é qualidade. Agora, é um texto provisório, que vai ser sempre discutido", segundo relatou a Folha de S.Paulo na edição de ontem.
À medida que a incredulidade foi crescendo e os questionamentos se agigantando, o PT recuou e retirou o papelucho de circulação. Mas deixou no ar, mais uma vez, a dúvida: será que um eventual governo de Dilma também seria sempre assim, "polêmico", "provisório", a "ser sempre discutido"? É esta corda bamba que nos oferece a aprendiz de candidata petista?
Morder e assoprar está no DNA do PT - melhor seria dizer tergiversar, iludir. Nunca é demais lembrar que o partido entrou na campanha de 2002, que levaria Lula à vitória após sua quarta tentativa, a bordo da tese programática intitulada "A ruptura necessária", aprovada pelos companheiros no ano anterior em Olinda. Era aquilo o que se propunha para o país: acabar com tudo o que estava aí.
Como aquela linha de tocar o terror tendia a levar Lula a lugar nenhum, o PT viu-se obrigado a rasgar suas teses e assumir um novo compromisso com o país, expresso na "Carta ao Povo Brasileiro", que, com meras 1.729 palavras, renega tudo o que o partido propugnara ao longo de 22 anos de existência de raivosa oposição.
Mas recorrentes episódios indicam que o partido convive mal com o marco institucional vigente no país. À imprensa, vira-e-mexe, o PT reserva propostas como o malfadado, mas nunca sepultado, conselho de comunicação, voltado a baixar o tacão do Estado sobre a liberdade de expressão e a independência editorial. À segurança jurídica, assaca calhamaços como o Plano Nacional de Direitos Humanos, uma proto-Constituição que passava a foice em direitos, como o de propriedade, e atropelava a Justiça.
O comichão da ruptura - "necessária" para eles, indesejada por todos os demais - subjaz no petismo. Mas, sempre que ele é flagrado pondo as manguinhas de fora, os camaleões saem-se com estas: "Não sabíamos", como no mensalão; "não era bem isso que queríamos dizer", como no conselho de comunicação; ou "não vi o que assinei", como no PNDH3 ou agora no programa de governo da candidata a presidente da República.
É por isso que o debate aberto e sistemático dos candidatos a presidente e suas propostas é fundamental para o futuro do país - com o que, aliás, mais uma vez o candidato José Serra comprometeu-se ontem. Mas Dilma resiste, refuta, rejeita: debater o quê?, deve pensar a "bem penteada e rosada, quase uma princesinha nórdica", na descrição de Fernando Henrique Cardoso em artigo publicado no domingo. Quando saberemos, afinal, se a candidata de Lula é Dilma ou Amlid, seu inverso?
Fonte: ITV

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