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segunda-feira, 21 de junho de 2010

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Portal do Meio Ambiente / REBIA / Editor: Vilmar S. D. Berna - "Florestas Tropicais – Uma Solução para a Agricultura dos EUA"

Portal do Meio Ambiente / REBIA / Editor: Vilmar S. D. Berna - "Florestas Tropicais – Uma Solução para a Agricultura dos EUA"

Esses estranhos 5%

Esses estranhos 5%





Por Sandro Vaia, jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez

E-mail: svaia@uol.com.br



Fonte: Blog do Noblat



Que espécie de gente serão esses 5% que não acham o governo Lula nem ótimo nem bom? O repórter que propôs investigá-los (no sentido de pesquisar, conhecer, tentar entender, como ele bem explicou), pode encontrar algumas boas pistas aqui. Eles podem ser:



1) Pessoas que acreditam que a democracia não é apenas o governo das maiorias, mas também e principalmente o que não discrimina as minorias e as respeita, garantindo seus direitos constitucionais de manifestação e expressão.



2) Pessoas que não concordam que a atual política externa seja responsável, altiva e independente, mesmo que os outros 95% achem isso. Elas têm todo o direito de achar que é uma política aventureira, irresponsavelmente jactanciosa, longe das tradições da diplomacia brasileira, e afastada de seus valores básicos, que sempre foram os de não apoiar regimes de exceção, autoritários e ditatoriais.



3) Pessoas que acreditam que o atual ciclo de crescimento do País não começou com um estalar de dedos de um ser divino e providencial, mas é resultado de um processo que teve início em governos que se dedicaram a implantar os fundamentos de um crescimento sustentado, fundamentos esses que foram incontestavelmente assimilados, respeitados e mantidos, apesar das promessas -ou ameaças-em contrário.



4) Pessoas que acreditam que a ética e a honradez na política são valores que não podem ser desprezados.



5) Pessoas que sabem reconhecer que a divergência de idéias faz parte do processo democrático e são contrárias a qualquer tipo de controle da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão.



6) Pessoas que acreditam que a melhora dos índices sociais, a melhor distribuição de renda, o acesso de todos a uma educação de qualidade, não precisa ser feita através da instituição de um tipo reverso de discriminação social e racial, que institua o rancor e o ódio entre pessoas, grupos étnicos e classes sociais, separando em vez de unir a Nação.



7) Pessoas que acreditam que todos são iguais perante a lei e que ninguém está acima dela, e que, portanto, ninguém pode transgredi-la impunemente.



8) Pessoas que acreditam que debochar das instituições é um mau exemplo e uma agressão à democracia, principalmente quando parte de quem é responsável pela salvaguarda dessas instituições.



9) Pessoas que acreditam que a popularidade do presidente da República é um indicador inequívoco de apoio popular, mas que não acreditam que isso seja uma franquia para ultrapassar os limites da lei. Um presidente não pode tudo, ao contrário do que achava Richard Nixon.



10) Pessoas que acreditam que o presidente da República é um magistrado, e como tal deve comportar-se durante todo o tempo de seu mandato, inclusive durante uma campanha eleitoral.



São valores mais ou menos básicos, simples e fundamentais, mas possivelmente tão exóticos, nos dias de hoje, que só seja possível encontrá-los entre esses estranhos 5% de brasileiros. Pode até ser que não sejam pessoas “em fase de desespero diante das últimas pesquisas da campanha eleitoral”, mas gente tão normal e digna quanto os outros 95%.





www.jornaldosamigos.com.br

o eucalipto seca o solo" para: "manejo sustentável de florestas plantadas

Mar-Mai 2010
de: "o eucalipto seca o solo" para: "manejo sustentável de florestas plantadas"
 
Walter de Paula Lima
Professor de Hidrologia Florestal da Esalq-USP

019-05
 
É bem verdade que a famosa polêmica do eucalipto ainda persiste, em algumas situações, exatamente como era na fase inicial do reflorestamento com espécies de rápido crescimento no País.

Naquele tempo, havia muita desinformação, e o folclore se alastrava. Chegou a ponto de se proibirem, por força de lei, novos plantios de eucalipto em alguns estados. Quantas frustrações e debates infrutíferos entre opositores e defensores em incontáveis seminários e congressos.

Quanto esforço desprendido para tentar mostrar que o consumo de água pelo eucalipto não era diferente do de outras espécies florestais. Como se essa informação fosse a chave para aplacar os ânimos e acabar com a controvérsia. Mas, a despeito de inúmeros resultados experimentais, ela não desaparecia, pelo contrário. E no entanto, em meio à alternância entre calmarias e ondas recorrentes de ataques ao eucalipto e à expansão de plantações florestais, o setor florestal produtivo do País cresceu e se fortaleceu, alcançando reconhecimento mundial.

Na década de 1980, com algum atraso, o País notou o crescimento da preocupação para com o meio ambiente. E a polêmica não mais se restringia à questão da água, mas também a vários outros aspectos ambientais e sociais.

Depois veio a década de 1990, que pode ser caracterizada como a década em que o manejo florestal teve que se adequar aos preceitos de desenvolvimento sustentável emanados na reunião da UNCED, no Rio de Janeiro, em 1992. Essa adequação, todavia, sem dúvida, de fundamental importância ambiental e social, impõe mudanças paradigmáticas, que não são absolutamente difíceis do ponto de vista técnico, mas encontram enorme resistência nas pessoas.

Bem por isso, infelizmente, já é quase consenso no setor florestal a noção de que a expressão “manejo florestal sustentável” se tornou “muito desgastada”, como se costuma ouvir. É realmente uma pena. Venceu a ganância e a lei do menor esforço. Perdeu o meio ambiente. O conceito de manejo florestal sustentável, embora de difícil entendimento por parte de muitas pessoas que o consideram vago e nebuloso, na realidade, pode ser considerado uma das maiores ferramentas já concebidas pelo homem para auxiliar na necessidade crucial da convivência entre desenvolvimento e conservação ambiental.

E se trata de um conceito extremamente simples, que pode ser assim enunciado: a sustentabilidade é apenas um alvo para orientar a melhoria contínua das práticas de manejo. Esse alvo, por natureza, não é fixo, querendo, com isso, significar que não existem receitas. O conceito de manejo sustentável não tolera acomodação. O eucalipto realmente não seca o solo, mas florestas plantadas de eucalipto ou de outras espécies de rápido crescimento requerem muita água, e essa evidência é de fundamental importância ambiental, já que pode causar conflitos em algumas situações.

Assim, mais do que apenas saber quanto é o consumo de água pelo eucalipto, a nova ordem social e ambiental exige saber também como ocorre esse consumo, o que implica uma mudança de paradigma. No primeiro caso, o conforto que se obtém é o saber que esse consumo é igual ao de outras espécies florestais, ou, ainda, que ele não é maior do que a precipitação.

Mas isso não resolve o problema. Agora, quando o enfoque visa procurar saber se esse consumo pode ser suportado pela disponibilidade de água, então, evoluímos, já que o que está agora em jogo é saber se há água para a produção florestal e para todas as demais demandas, inclusive a demanda ambiental, aqui simplificadamente tida como a permanência dos fluxos de água superficial nas microbacias hidrográficas.

O fluxo de água referente à perda por evapotranspiração da floresta plantada é referido como fluxo de “água verde”. Já o fluxo de água que interessa para todas as demais demandas de água, que é a água superficial, é referido como “água azul”. 

O destino das chuvas em cada microbacia se dá por esses dois fluxos de água. Dessa forma, manejo sustentável, do ponto de vista da água, envolve desenvolver estratégias de manejo que garantam o equilíbrio entre esses dois componentes. Se a estratégia de manejo está consumindo quase toda a água que chega pelas chuvas, então não pode ser sustentável, pois está eliminando a água azul. Assim, a resposta que se procurou obter no passado, de que o eucalipto não seca o solo, já não serve mais, pois a pergunta agora é outra.

É preciso, agora, preocupar-se com o equilíbrio do balanço hídrico das microbacias hidrográficas, que é a escala natural para a avaliação dos efeitos da alteração da paisagem sobre os recursos hídricos. E esse balanço hídrico varia no tempo e no espaço. Ou seja, não há como prever ou teorizar. Temos que estar espertos o tempo todo. Como preceitua o conceito de manejo sustentável.